domingo, 7 de fevereiro de 2010

Será possível viver um relacionamento puro?



Será que vocês conhecem, ou já ouviram boatos de alguém que viveu um relacionamento puro?
Puro é viver sem mentiras, sem máscaras, sem joguinhos. Puro é poder dizer o que pensa sem medo, e fazer a cara que quiser, e se vestir como bem entender.
Eu sempre quis viver um relacionamento assim, e, só agora, percebo que talvez seja impossível.
Numa relação não se pode dizer tudo. Será que não podemos ser nós mesmos pra sempre? E talvez nem mesmo por uns dias?
Tenho ouvido dizer que não. Que a mulher precisa ser forte, porque nós somos as maiores responsáveis: "Se a mulher souber levar, ela ganha o rapaz direitinho" é o que dizem as mais velhas. Pode parecer bom, porém temo que custe caro demais. Pra mim é um preço tão alto ter de ser sempre forte, ter de fingir e forjar por um segundo sequer. E talvez seja por isso que nunca dá certo. Sou honesta ao extremo, sou inteira e, quando acredito, lá se vão as máscaras, fico sem maquiagens, nua e inteira diante do outro.
Ah não pode...
Será?
Vocês aí, será que alguém conhece algum relacionamento onde podemos nos apresentar ao outro de forma verdadeira? "Ei, essa sou eu" diria. "Sou chata e ciumenta, e tenho rinite. Sou alérgica a tudo, menstruo muitos litros de sangue por mês, não gosto dos animais e tenho medo de ficar sozinha pra sempre" Será possível? Não no primeiro dia, talvez nem no primeiro ano. Mas que um dia, quando acontecer, não precisemos esconder. As pessoas ficam juntas por anos, décadas, deveriam poder se mostrar. Elas sentem ciúmes, inseguranças, dores de barriga... Porque não podem dizer???
"Estou com medo. Estou com medo de te perder, porque a Joana parece que gosta de você e meu coração se aperta de pavor quando penso que talvez ela seja melhor do que eu..." Puxa, não podemos dizer isso sem que o outro se sinta poderoso demais né? Será que podemos ser frágeis sem que a fragilidade nos torne fracos?
Minhas mãe diz que não. Muitos dizem que não. Nascemos só e morremos só. Fazemos cocô e xixi sozinhos, não há como ser possível dividir-se sempre, com alguém....
Há algo que deve ser preservado, escondido, ainda que doa. Porque dói um tanto. Engolir seco, sorrir amarelo, estufar o peito, sair andando. Quando queremos nos encolher e chorar, gritar e agarrarmos forte.
Dói, sermos outra, quando queríamos ser nós mesmas. Dói o peso das máscaras, quando o rosto já está cansado.
Dói os aromas artificiais, como as gelatinas coloridas, como o gosto ruim dos chicletes azuis.
Eu não queria um relacionamento com sabor de chiclete azul....eu não queria fandangos...
Mas talvez, talvez se não aceitar esses alimentos, é possível que a fome nunca me seja saciada, e eu venha a morrer de tédio, de fome, de verdades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário