quinta-feira, 28 de maio de 2009
Esta é a parte dois de uma seqüência de casamentos juninos que sempre estavam dando certo...
Nomes:
Curioso: Um velho, relembrando do último casamento
Curiosa: Uma mulher jovem, amiga da Divorcianta
Josenalda: Divorcianta
Josefino: Divorciante
Creonásio Pai da Divorcianta
Rosicréia Mãe da Divorcianta
Iracildo Pai do Divorciante
Edineide Mãe do Divorciante
Juiz
Perfis: Os '*antes' são da nobreza. Os '*antas' são plebeus.
Introdução
Curioso: Bem pessoar, depois do belo casamento que ocorreu no ano passando entre Josefino e Josenalda, como todos aqui presentes estão mui lembrados, - Sim, aquele em que a tia Inês comeu uma galinha inteira e mais um quarto do bolo do casar, onde o seu Inácio bebeu tanta canha de alambique que acabou vomitando sobre o vestido novo da madrinha Isoleide, enquanto que o pequenucho Iracildo rachou a testa depois di cai da cadeira que ele estava trepado para espia as mulhé no banheiro delas. - Felizmente niguê morreu para atrapaia o casamento, inda bem pois se não nois não tava aqui não para espia e vê como anda a vida conjugal do conjuge que casou junto ano passado. O muié o que tu conta da cumadre Josenalda? Me diz, vai!
Curiosa: Meu home, parace que não vai bem não. Ela tava me dizendo que o home dela não dá amor prá ela. Diz que apesar dele sê de família rica é meio rude, que não é qui nem nois dois que se entende a muito bem a muitos anos.
Curioso: Ora pois, se não. Tu é uma muié muito boa. Tu nunca reclamou di uma ordem minha. Sempre fez tudo sem piá e também nunca reclamou dos ranho que eu limpava na mesa da cozinha, nem do bafo da canha. E tua mãe é uma mulhé muito virtuosa, e eu sei que nois ia se entende tão bem como eu me entendo com tu. Mas pena que ela tenha morrido antes de eu a conhecê. Mas eu ouvi dize que o problema era com a dona Edineide, a sogra da moça.
Curiosa: Posi então. Esta tal de dona Edineide, tava reclamando que a Josenalda é muito moderninha, que fica usando saia curta prá i prá feira, e ainda fica puchando conversa com o Marculino. Mas tudo é bobagem, pois a Josenalda me falou que o problema é esse mesmo que eu falei antes e que ela só casou porque a mãe dela a dona Rosicréia, disse para ela se casá com ele prá te um home rico.
Curioso: Pois foi dinheiro então, eu bem qui disconfiava. Se bem que ela deve ter um belo corpo debaixo daquelas saias...
Curiosa: Ora Natalino, qui semvergonhice é essa?!!!
Curioso: Minha Setembrina, você sabe que na minha vida só existe uma única Setembrina. E o que eu quis dizê é que, por um lado, ele não deve ter motivos prá reclamá.
Curiosa: Ah bom, si é assi tá bom.
Curioso: Mas vamo dá uma espiada prá vê o que o casal tá fazendo, afinal, o pessoar já tá ruendo a zunha de curioso.
Cena 1
Josenalda – Num güento mais! Eu quero me separá de tu. Tu é muito bruto e ciumento.
Josefino – Cala essa boca, que tu ta pensando, tu acha que tem direito de se separá? Quem manda aqui sou eu e só eu é que poderia pedi divórcio.
Josenalda – Ô home! Eu conheço meus direito. E eu quero me separá. E se tu não quisé nóis vai pro juiz agora!
Josefino – Aé eu vou falá com o teu pai. Que tu tá pensando. Casô tá casado. (já saindo). Eta pai que não criô a filha direito, ******** xucra.
Josenalda – (Gritando) Então vai. (Resmungando) Quem ele pensa qui é.
Cena 2
Josefino – Ô sogro, tu tá sabendo o que tu filha tá querendo fazê?
Creonásio – O que foi dessa vez? Vai me dizê que ela voltô a usá aquela saia curta prá i na feira?
Josefino – Nada disso não. Ela inventô de querê se divorciá de mim, eu que sou o marido dela.
Rosicréia – O quê? Minha fia tá querendo se separá docê?
Josefino – Pois é, dona Rosicréia.
Rosicréia – Ocê ouviu isso Creonásio?
Creonásio – Ouvi sim, minha marida.
Rosicréia – Intão vai logo falá com ela. E eu vou junto! (Saem os três).
Cena 3a
Josenalda – Boa tarde, dona Edineide. Veio me fazê uma visita?
Edineide – (Entrando) Pois é, eu tava passando e resolvi dá uma espiadinha prá vê como tá o casarzinho.
Josenalda – Ié, ainda bem que a senhora passou cá. Nois não tá se certando direito.
Edineide – Pois é, eu e o Iracildo tava pensando exatamente isso. Então, porque ocês não se divorceiam?
Josenalda – Mas é exatamente isso qui eu quero. Só que o seu fio não qué. Ele até foi falá com meu pai agora.s
Edineide – Eu vou falá com esse moleque crescido. E vai sê agora, mas antes vou buscá o Iracildo (Sai).
Cena 3b
(Creonásio, Rosicréia, Josefino entram na casa)
Creonásio – Ô Josenalda, que história é essa agora de querê se separá? Chega aquela história da saia curta!
Josenalda – Mas pai. Esse homem é um cavalo. Ele só me xinga, me bate, mispanca, me faz trabaiá feito uma mula, abusa de mim...
Creonásio – Mas fia, muié foi feita prá isso. Tu devia ser grata por ter um marido, bom como esse.
Rosicréia – Fia, venha aqui, prá tê uma cunversa de muié prá muié (Indo para um canto).
Rosicréia – Ô fia, tu é uma muié de sorte, ter conseguido um marido rico. Pára de reclamá e esquece essa história de separação.
Josenalda – Mas mãe, eu to cansada de sofrê. Não quero ficá infeliz pro resto da vida.
Rosicréia – A é, e o que você vai fazê da vida? Inda bem que ocê não teve a mesma cina que eu tive, que tive que casá cum pé rapado qui nem teu pai.
Cena 3c
(Edineide e Iracildo chegam)
Iracildo – E vamo logo acabá com esse casamento. Chega de se incomodá com essa muiezinha que fica usando mini-saia na feira, fazendo meu fio passa vergonha.
Edineide – É, nós temo que se livrá dessa corja de pobretões que só querem nosso dinheiro.
Rosicréia – Má que é isso? Que falta de respeito com os parente.
Creonásio – Nóis vai é falá com o juiz, agora. Queremo vê se não vamo resolvê os problema desse casar.
Josenalda – Pois vai sê agora.
Josefino – Pois então.
Cena 4
Edineide: Doutor juiz. Nóis tá aqui para divorciá nosso fio, dessa aproveitadora.
Josenalda: Aproveitadora não. Eu num qué ficá casada com esse estrupício, que só qué fica me mandando.
Juiz: E o senhor o que tem a dizer.
Josefino: Ela é minha muié. Eu casei com ela. Agora ela tenque me servi durante toda a vida.
Iracildo: Nóis qué o teu bem. Essa muiezinha só que si aproveitá de nosso dinheiro.
Creonásio: Como é que é?
Iracildo: (Apontando a espingarda).
Creonásio: Nada, nada...
Juiz: Bem, diante dos argumentos aqui apresentados, o do seu Iracildo parece ser o maior.
Josefino: Cumu é que é?
Juiz: Bem, como eu ia dizendo o esposo tem sempre a razão. Por isso não vai mais te divórcio.
Josefino: (Olhando para a Josenalda). É parece qui tu vai cuntinua tendo que sê minha muié, lavando minhas cuecas.
Josenalda: (Balançando a cabeça, desapontada) Se fossem só as cuecas.
Josefino: Cumo é?
Josenalda: Você sabe...
(Termina com cada um brigando com o seu rival e o juiz assistindo ou os dois saem abraçados e felizes).
(E o casal de curiosos volta)
Curioso: É minha muié. Como é difícil estes casais moderno sê acertá.
Curiosa: É mesmo. Mas quem sabe até ano que vem as coisas mudam.
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