Já os sentimentos têm história, envolvem tanto nossas memórias quanto nossas intenções. Um beijo, por exemplo, pode produzir uma sensação passageira ou se transformar em carícia. Nessa hora, vêm à tona todos os nossos desejos, nossos medos e nossas lembranças. Aí precisamos de tempo para registrarmos o que sentimos, para digerirmos, para sabermos o que aquele beijo significou. A verdade é que, quanto mais sentimos a nós mesmos, mais poderemos entrar na vida do outro. Entretanto, nada garante que ao decidirmos sentir, sentiremos o melhor. Apenas sentiremos mais. Mais desejo, mais esperança, mais medo, mais prazer... Descobrimos que nossos sentimentos descongelaram e começaram a fluir quando, um dia, começamos a sentir: vinte minutos de alegria, trinta de raiva, quarenta de indiferença, quinze de verdadeiro desespero; mas não só isso, talvez também duas horas de paz e amor. Nessa altura dizemos: "Eu me sinto, sinto você, sinto a nós" . Sinto que amo. Ficamos, assim, capazes de nos voltarmos para o outro para conseguirmos sustentação e apoio. Aí vem a noção de juntar, unir, confiar, arriscar, começar.
Maria Helena Matarazzo
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