quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Não tente transformar o que sobrou do amor em amor fresco, porque as coisas não voltam.
Um amor pode ser desperdiçado? Todos aqueles que já sofreram por amor responderiam intempestivamente: sim. O amor que não interage com o ser amado, o amor que não é retribuído, que não é compreendido ou valorizado, são todos amores que não servem para nada, a não ser para minar nossas forças e nos desestimular a tentar de novo.
Assim parece. Para que serviria este amor unilateral, vivido a sós? Mas ele serve para muitas coisas. É como a sobra da carne que vai para o refogado, a sobra das verduras que vira sopa. É possível se alimentar do que resta do amor.
Não jogue no lixo o que você sente, mesmo que seu amor já não tenha bom aspecto, mesmo que pareça ter perdido o prazo de validade. Você mudou. Você viveu. Aprendeu. Se está amando, é porque conheceu alguém que lhe provocou sensações raras e estimulantes. É porque estava desarmado diante do amor, porque não reconheceu no amor um inimigo. Frente a frente com um sentimento, é melhor não brigar. Vencendo ou perdendo, você sai mais forte.
Não se lastime por estar perdendo tempo com um amor inútil. Nada que faça você chorar ou ficar em silêncio é inútil. São nessas etapas que tentamos entender melhor nosso jeito de estar no mundo, é nessa hora que ficamos mais atentos ao que diz o coração. E se o coração está dizendo "eu amo e não sou amado", não receba isso como uma sentença, como um atestado de fracasso, e sim como uma benção: seu coração fala. Bate. Está vivo.
Saudades de frases, beijos e reciprocidade não diminuem você, não fazem de você um infeliz. Você tem uma história pra contar, um romance pra lembrar: você tem, não precisa inventar. O que foi vivido é seu, ninguém lhe tira, ausência nenhuma tem o poder de cancelar.
Não tente transformar o que sobrou do amor em amor fresco, porque as coisas não voltam. Aceite os restos de amor como uma herança de algo bom que passou, como algo que pode ser reaproveitado, que pode vitaminizá-lo para os próximos passos. Não desperdice este amor que está aí dentro, desaproveitado. Transforme-o em alimento energético, que também tem o seu sabor.
( Martha Medeiros )
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