domingo, 27 de março de 2011

Come ou gasta demais? Entenda vários tipos de compulsão



Um dos tipos mais comuns de compulsão é a alimentar

Comer de maneira desmedida, gastar demais, ser obcecado pela própria aparência, passar dias à frente do computador. Comportamentos associados ao estilo de vida agitado e competitivo que se leva nas grandes cidades precisam de atenção: podem ser considerados doença, conhecidos como compulsão.

A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo sofram com a doença. A compulsão é considerada o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente na população. Até o ano 2020, os transtornos ligados à compulsão estarão entre as 10 causas mais importantes de comprometimento por doença.

Os especialistas afirmam que tais cenários são consequência da sensação de aprisionamento do homem, que precisa seguir regras rígidas no trabalho e em casa para atender aos códigos sociais. A compulsão é uma tentativa de recuperar a autonomia.

Pode ser por jogos, compras, tratamentos estéticos, comida. Enfim, tudo! Entenda o problema e veja como deve ser combatido segundo informações da psicóloga clínica, psicanalista e especializada em psicologia hospitalar Cynthia Bezerra, do médico especialista em Nutrologia Cristiano Merheb, e do cirurgião plástico Gustavo Merheb.

1) A compulsão e as questões das dependências representam tentativa de diminuir os níveis de ansiedade por meio da obtenção do prazer imediato. "A todos nós sempre faltará algo. Não se pode ter tudo, ser tudo ou experimentar o tempo todo sensações de bem-estar e de completude. O dependente acaba se utilizando de atos compulsivos para preencher essa falta, esse vazio porque, na verdade, não consegue lidar com a falta e o vazio", disse Cynthia. Segundo ela, muitos desses comportamentos são moldados prioritariamente na infância.

2) Praticar atividades que dão prazer é saudável. O problema é quando a busca de prazer se torna tão imperativa que a pessoa perde o controle. Falsamente tachadas como excêntricas ou irresponsáveis, pessoas que agem dessa forma são, na verdade, portadoras do que os especialistas chamam de transtornos da impulsividade.

3) Nem sempre o problema é encarado como negativo, pois geralmente os compulsivos são pessoas perfeccionistas, severas e rígidas. Perante os colegas, no entanto, parecem criativas e dinâmicas. "Por isso muitas se destacam e são líderes em seu meio. Possuem enorme poder de persuasão e processam informações com uma rapidez invejável", afirmou Cynthia.

4) As compulsões são divididas em dois polos. O compulsivo que engloba transtornos do comer sem parar, da hipocondria, do alcoolismo etc. Nesses casos o sujeito busca a fuga do risco, do sofrimento e da angústia. O outro grupo é o impulsivo, caracterizado pelo jogo patológico, a compulsão sexual e a compra compulsiva. Nesses casos, o indivíduo busca o risco e, com ele, o prazer imediato.

5) Mesmo que os atos resultem em arrependimento posterior, a pessoa volta a cometer a compulsão.

6) O tratamento é feito por meio da psicoterapia e de remédios. O primeiro passo é a pessoa reconhecer que sofre do transtorno e depois a busca da origem do problema e seu tratamento. Alto nível de ansiedade e baixa auto-estima são sempre características do paciente compulsivo.

7) Segundo o médico Cristiano Merheb, especialista em Nutrologia, cerca de 75% das pessoas que estão acima do peso sofrem de compulsão alimentar. A síndrome, também conhecida como binge eating, faz com que a pessoa não coma para saciar a fome física, mas sim por impulso. Durante os ataques de binge, o compulsivo alimentar chega a ingerir até 10 mil calorias em uma única refeição.

8) Na compulsão alimentar, a pessoa perde o controle sobre a decisão de comer ou não e sofre muito por não conseguir reagir diante do impulso.

9) Passar horas pensando na própria imagem e sofrendo com a aparência retratam o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). O principal sentimento dos pacientes é o da angústia e a pessoa sente vontade de se esconder e de não ser visto. E não adianta lançar mão de tratamentos estéticos, pois nada ajuda a superar a sensação. "O papel dos profissionais que lidam com a beleza é muito importante. Cabe a ele julgar se aquela pessoa tem noção do próprio corpo, se ela compreende o que quer fazer. Se a pessoa procura o irreal, é importante ela ser esclarecida. É preciso conduzir a pessoa ao reencontro com sua própria personalidade", disse o cirurgião plástico Gustavo Merheb.

10) Profissionais enfrentam um problema comum ao lidar com a questão da dependência ou compulsão: o fato de ser visto como falta de caráter ou fraqueza de personalidade da pessoa. "Apesar dos esforços da comunidade científica em reverter essa apreciação do problema, ela permanece e somente piora o acesso dos dependentes a um tratamento adequado", disse a psicóloga Cinthya Bezerra.



FONTE: http://saude.terra.com.br

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