Foi escolhido por você. Nisso reside a beleza do caminho: você não pode jamais desculpar-se, dizendo que o adversário era mais forte. Porque foi você que escolheu seu alvo, e é responsável por ele.
Se olhar o alvo como inimigo, poderá até mesmo acertar o seu tiro, mas não conseguirá melhorar nada em você mesmo. Passará sua vida tentando colocar apenas uma flecha no centro de uma coisa de papel ou madeira, o que é absolutamente inútil. E quando estiver com outras pessoas, viverá reclamando que não faz nada de interessante.
Por isso, você precisa escolher seu objetivo, dar o melhor de si para atingi-lo, olhando-o com respeito e dignidade: precisa saber o que ele significa, quanto custou do seu esforço, do seu treinamento, da sua intuição.
Ao olhar o alvo, não se concentre apenas nele, mas em tudo que acontece ao seu redor: porque a flecha, ao ser disparada, irá encontrar-se com fatores que você não conta, como o vento, o peso, a distância.
O objetivo só existe na medida em que um homem é capaz de sonhar, atingi-lo.
O que justifica a sua existência é o desejo – ou ele seria uma coisa morta, um sonho distante, um devaneio.
Assim, da mesma maneira que a intenção busca seu objetivo, o objetivo também busca a intenção do homem, porque é ela que dá sentido à sua existência: já não é mais apenas uma idéia, mas o centro do mundo de um arqueiro.
Paulo Coelho
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