sábado, 27 de novembro de 2010
CORPO DE MULHER ... alvas colinas...ao mundo te assemelhas em teu ato de entrega.
Corpo de mulher, alvas colinas, coxas brancas,
ao mundo te assemelhas em teu ato de entrega.
O meu corpo selvagem de camponês te escrava
e faz saltar o filho das entranhas da terra.
Fui um túnel vazio. De mim fugiam pássaros
e a noite me infiltrava sua invasão resoluta.
Para sobreviver forjei-te qual uma arma,
uma flecha em meu arco e pedra em minha funda.
Tomba porém a hora da vingança e eu te amo.
Corpo de pele e musgo, de leite ávido e firme.
Ah os vasos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah tua voz lenta e triste!
Corpo de mulher minha, persisto em tua graça.
Minha ânsia sem limites, meu caminho indeciso!
Sulcos escuros onde a sede corre,
onde a fadiga corre, e a dor, este infinito.
Pablo Neruda.
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