Meu Deus, como eu era volúvel! A cada semana me apaixonava por um. Sofria feito louca, chorava, esperneava, fazia maluquices. Muitas vezes pensei que o problema fosse comigo. Eu devia ter um gosto esquisito, um dedo podre, um imã que atraía só os homens problemáticos, inseguros, comprometidos, confusos. E quer saber? O problema era comigo, sim.
Uma vez a minha mãe me disse que eu adorava inventar um problema, um motivo para chorar. Pensei que ela estava desequilibrada. Que nada, a doidona era eu. Meu primeiro “amor” foi algo impossível. Meu segundo eu nem lembro. O terceiro...esqueci o nome. Eu tinha amores semanais, mensais. E depois esquecia, arrumava outro para ocupar aquele lugar que na verdade nunca foi ocupado. Mas uma hora a gente cansa de bater na porta de quem não abre.
Sentia que merecia mais. Sentia que desperdiçava tempo e lágrimas. Mas também sentia uma carência absurda, por isso me jogava em qualquer relação. E normalmente, acredite, elas eram destrutivas e estragadas.
Já me contentei com pouco, já recebi migalhas, já implorei por minutos de atenção, já ouvi que o cara ainda era apaixonado pela ex. E mesmo assim insisti, pois achava que eu tinha o poder de fazer o outro esquecer um grande amor. Que bobagem, a gente não tem poder nenhum.
Me dei conta, depois da vida me estapear a cara diversas vezes, que quem te quer faz o possível e o impossível para ficar contigo. É simples. Não é complicado ou complexo, não. A gente é que coloca vírgulas, exclamações e interrogações. Mas o amor de verdade é cheio de reticências, de continuidade. Porque você quer. E a outra pessoa também.
Uma relação pra dar certo tem que ter sintonia. Os dois têm que caminhar na mesma direção. Não adianta você querer puxar o outro pela mão. Tentar carregar no colo. Dar uma carona. Arrastar pelos pés. O outro tem que querer ir.
Tudo bem, eu sei que existe muita gente que faz uma coisa e diz outra. O cara diz que não te quer, mas aceita ir ao cinema. Então eu me pergunto: é isso que você quer? É esse tipo de relação que espera ter? Me desculpa, mas eu quero alguém que diga e faça.
Não sou mais aquela adolescente desesperada por atenção e algum tipo de afeto. Eu cresci e meu pensamento amadureceu. Não mereço uma pessoa que não sabe o que quer. Mereço certezas. Mereço que seja recíproco. Não quero alguém que me bajule o tempo todo. Não precisa abrir porta de carro, oferecer diamantes, pagar o jantar. Só precisa ser sincero. E real. E, principalmente, se entregar por inteiro. Porque não estou aqui para receber metade de nada.
Clarissa correa
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