Toma essas rosas de Dezembro agora,
Que ao frio, à chuva, esta manhã colhi,
Elas trazem humildes, lá de fora,
Saudades da montanha até aqui.
Hão de morrer d’aqui a pouco, embora!
Em cada curva, onde o perfume ri,
Trazem mais o terno duma hora,
que um frágil coração bateu em ti.
Aceita-as pois, mas, como a vida é breve,
E, um dia, peno, leve e branca a neve,
Há-de cair sobre o teu peito em flor,
(Não vá Dezembro algum murchar-te o encanto)
Deixa tu que eu te colha agora, enquanto
Tens sol, tens mocidade e tens amor.
Joaquim Nunes Claro
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