quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Hoje, superei meu abandono e transformei-me em uma re-invenção de mim.
"Nasci nas ruas de pensamentos solitários. Não tinha sentimento para morar. Fui explorado por medos que me aprisionaram distante de onde eu era. Desisti de me libertar por muito tempo, até que um dia tentei. Fugi, e por não saber para onde ir, morei na própria ida. Falido, vivia em personalidades de aluguel, das mais baratas que encontrava. Cheguei a erros que me furtaram algumas esperanças que economizei desde cedo. Cheguei ao passado disfarçado de futuro. Cheguei a paixões que nem sempre chegaram a mim. Sem saída, cheguei à tristeza. Mas minha tristeza nunca soube me acolher. Cheguei a sonhos, depois à insegurança. Depois a sonhos. Voltei, encorajei, passava por contradições na ida-volta-e-não-ida. Guardei o endereço de algumas palavras que fiz amizade no caminho, mas nunca encontrei as verdadeiras palavras que me inventaram.
Hoje, superei meu abandono e transformei-me em uma re-invenção de mim. Não procuro mais onde viver, realizei meu sonho: sou casa própria. Estou sempre em obras e aberto a visitas. Uma moradia sólida, espaçosa e um hospedeiro insaciável: abrigo mais do que fui capaz de ser.
Sou muito mais do que já fui capaz de abrigar."
Fernando Palma
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