terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Chorei o fim de tudo, assim é a vida, uma morte a cada dia. Depois, como sempre, limpei o rosto e continuei
Quando fui chegando perto não pude acreditar: a placa de aluga-se não estava mais lá!
Depois de muito tempo o porteiro berrou sem nem se dar ao trabalho de mostrar o rosto: já tem gente morando lá, foi alugado semana passada!
Voltei para meu carro e chorei o choro mais profundo, antigo e verdadeiro que já chorei em toda a minha vida. Um choro daqueles contidos pela eternidade.
Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente.
Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim.
Finalmente chorei todos os meus amores que acabaram, todas as portas que eu deixei entreabertas (porque sou péssima em fechá-las) e que se fecharam pela vida. Alguém quis fazer desses amores perdidos moradias e eu mais uma vez fiquei sem minha placa de “aluga-se”.
Enfim chorei o fim de muita coisa. A vida é uma morte a cada dia. Depois, como sempre, limpei o rosto e continuei procurando pela minha casa. Estar sempre insatisfeito, na verdade, é o que faz a gente nunca desistir de seguir em frente e quem sabe um dia se encontrar nesse mundo.
Tati Bernardi
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