segunda-feira, 25 de abril de 2011
Amor em quatro atos
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
As vezes em que eu mais te amei
tu o não soubeste e nunca o saberias.
Sozinho a sós contigo
em mim mesmo eu te criava,
em mim te possuía .
De onde vinhas nessas horas
em que inteira eu te envolvia,
nem eu mesmo o sei
e nunca o saberias .
Contudo, em paz
eu recebia o carinho,
compungindo o recebia,
tranqüilo em meu silêncio
e tão tranqüilo e tão sozinho
que calmamente eu consentia:
- que ainda que muito me tardasse
mais ainda, um outro tanto, eu sempre esperaria.
O gosto da tua pele
sal impregnado em meus lábios
que me mata de sede
à beira da fonte dos teus prazeres.
O teu gosto na minha boca
mel que sacia meus desejos
na hora derradeira
do medo de te perderem meio aos lençóis.
O teu cheiro impregnado
no meu corpo
perfume raro que nem a chuva
leva de mim…
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes.
Tais momentos são meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
instantes.
Tais momentos são meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
Affonso Romano de Sant´Anna, Clarice Lispector, Pablo Neruda
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