terça-feira, 26 de abril de 2011

Onde está o amor neste século da pressa? O quanto, para fugir de seus monstros interiores, as pessoas aceitam se envolver com qualquer um que demonstre o mínimo de boa vontade?




Quem não gosta de ser amado? Ser paparicado? Receber atenção especial,
presentinhos e beijinhos doces? Quem não gosta de surpresinhas gostosas,
beijo na boca e abraços apertados? Quem é que de livre e espontânea
vontade prefere a solidão a uma boa companhia? Ora, todo mundo quer uma
boa companhia e de preferência para o todo sempre. Mas conviver com essa
'boa companhia' diariamente por 3, 5, 10, 15, 25 anos que é o difícil.
No começo dos relacionamentos e até 1 ano de vida amorosa, tudo são mais
ou menos flores, (se o seu relacionamento tem menos de um ano e já é
mais de brigas e discussões, (caia fora dessa fria).

Não adianta você dizer que só depois de três meses que 'encontrou o amor
de sua vida', porque o amor precisa de convivência para ser devidamente
testado.

Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se encontrando hoje, se
amando amanhã e entrando em crise depois de amanhã.

Uma coisa frenética e louca que tem feito muita gente, que se julgava
equilibrada, perder os parafusos e fazer muita besteira.

Paixão, loucura e obsessão, três dos mais perigosos ingredientes que
estão crescendo nos relacionamentos de hoje em dia por causa da
velocidade das informações e o medo de ficar sozinho.

As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus defeitos,
vícios e qualidades, e partem desesperadamente para encontrar alguém, a
tal da alma gêmea, e se entregam muitas vezes aos primeiros pares de
olhos que piscam para o seu lado.

Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas e até roubar o
parceiro de alguém. É uma guerra para não ficar sozinho.

Medo? Com medo de se encarar no espelho e perceber as próprias
deficiências? Com medo de encarar a vida e suas lutas? Então a pessoa
consegue alguém (ou acha que está nascendo um grande amor), fecha os
olhos para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si.

Mesmo, nos quartos e no seu egoísmo, a pessoa transfere toda a sua
carência para o (a) parceiro (a), transfere a responsabilidade de ser
feliz para uma pessoa. Que na verdade ela mal conhece.

Então, um belo dia, vem o espanto, a realidade, o caso melado, o 'falso
amor' acaba, e você que apostou todas as suas fichas nesse romance fica
sem chão, sem eira nem beira, e o pior: muitas vezes fica sem vontade de
viver.

Pobre povo desse século da pressa!
Precisamos urgentemente voltar o costume 'antigo' de 'ter tempo', de dar
um tempo para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.

Namorar é conhecer, é reconhecer, é a época das pesquisas, do
reconhecimento... Se as pessoas não se derem um tempo, não buscarem se
conhecer mais, logo em breve teremos milhares de consultórios lotados de
'depressivos' e cemitérios cada vez mais cheios de suicidas 'seres
cansados de si mesmos...'.

Faça um bem para si mesmo e para os outros, quando iniciar um
relacionamento procure dar tempo para tudo: passeie muito de mãos dadas,
converse mais sobre gostos e preferências, conheça a família e mostre a
sua, descubra os hábitos e costumes.

Parece careta demais?
Que nada, isso é a realidade que pode salvar o relacionamento e muitas
vidas.

(Luis Fernando Veríssimo)

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