sábado, 18 de fevereiro de 2012

Que a gente caiba milimetricamente em um abraço, e que esse abraço nos sirva de esconderijo quando o que está lá fora parecer perigoso demais.


Que acaso e destino jamais se confundam, e que a gente
continue com o dom bonito de acreditar que nossa história
está escrita em algum canto do céu, nas estrelas. Que sonhar não se torne, em hipótese alguma, tolice.
E o melhor: que nenhum sonho jamais seja proibido. Que os planos saiam do papel e nos surpreendam por serem
ainda mais bonitos do que pareciam ser quando ocupavam
espaço apenas dentro de nós. Que a falta de tempo nunca nos impeça de embrulhar
os presentes com papel celofane ou fita de cetim,
e muito menos de escrever um cartão. Que os papeis de carta
saiam da gaveta e ganhem letras, redondas ou tortas,
que façam sentido quando combinadas com o coração. Que o rosto da pessoa amada se torne miragem,
não pela beleza do seu contorno, mas pelo quão verdadeiro
é aquilo que a preenche. Que o encontro nunca deixe de ser a opção mais viável. Que o maior confronto nunca deixe de ser o olho no olho. Que o amor seja finalmente eleito como o caminho
mais curto para a real felicidade. Que fazer pedido a uma estrela não seja rotulado como algo cafona. Que a gente goste daquilo que vê no espelho,
e que não nos permitamos, em momento algum, tornar-nos escravos daquilo que gostaríamos de ver nesse espelho. Que os dias cinzentos sejam transformados em primavera. Que os risos, cada vez mais sinceros e espontâneos,
sejam em alto e bom som, sem a menor timidez ou pudor.
Aliás, que todo o pudor seja esquecido quando, em questão,
estiver o amor verdadeiro. Que a gente caiba milimetricamente em um abraço,
e que esse abraço nos sirva de esconderijo quando
o que está lá fora parecer perigoso demais. Que olhar pra trás jamais nos envergonhe. Que o amor de cinema continue sendo, no fundo,
o sonho de cada um. Que declarações sejam feitas sem rodeios. Que as verdades sejam ditas. E que a vida esteja
cada vez mais perto da poesia,
até que vida e poesia sejam, por fim, inseparáveis.
Amém."
(Silvia Prata)

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