sábado, 6 de julho de 2013

Ando caçando o silêncio.


Ando caçando o silêncio.
Procurando abrigo no abraço do não proferido.
Nele encontro meu tempo.
Caço o silêncio como quem procura um tesouro. Cansei dos burburinhos, ruídos, opiniões, ecos, apelos de mídia, papéis sociais e micro explosões. Embrulha o estômago o jorro ininterrupto de atividades e os comandos em ação. A musculatura trava, o coração segue doído no ritmo da taquicardia. E preciso parir fôlego para sustentar o incômodo ao final da jornada diária – a angustiante sensação de que nunca dá tempo. Cansei. Quero o tempo do silêncio. Fazer brotar mundos novos. Sentir o enovelar das palavras: despudoradas, trocando fluidos, acasalando-se. Vivas, intensas na teia do silêncio, reinventam destinos e decretam: canse da rotina e case com as palavras. Agora, alvissareiras, autoconfiantes, anunciam o desenhar de novas estradas: dilatam o tempo, florescem jardins, triplicam as cores das asas das borboletas, pintam sorrisos, criam fontes de águas cristalinas em um lindo dia de sol. Flutuam como plumas que me abraçam macias e exibem a beleza do existir que habita na possibilidade de recomeçar.
Ana Valeska Maia      

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