sábado, 16 de julho de 2016
Sobre a dor e a raiva.
Eu já fui raiva tentando me defender da vida. Eu já fui ira achando que esse era o melhor jeito de seguir em frente. Eu já fui tão bruta que acabei me despedaçando no caminho. Quando doía por dentro eu era raiva por fora.
Por muito tempo confundi dor com raiva e raiva com força, mas percebi que raiva não tem nada a ver com força. Força é consistência, solidez. Força é aprender no silêncio o tempo das coisas. É apreender o silêncio das coisas perdidas no tempo. Força é não deixar a dor virar desamor por si mesmo. Força é isso que nos faz seguir em frente e nos mantém inteiros quando todo resto insiste em desmoronar. E isso não tem nada a ver com oferecer a outra face. Oferecer a outra face, muitas vezes, nada mais é do que dirigir a raiva para si mesmo.
Eu não quero sentir mais raiva para seguir em frente, eu quero sentir amor. Já gastei muitos anos da minha vida perdida em sentimentos devastadores. Não tenho mais medo de sentir dor, tenho medo de não sentir amor! Eu quero amar mesmo que doa e se doer eu quero ter a coragem de amar outra vez e outra vez e outra vez e mais outra.
A raiva é o resultado da dor que não pode ser transformada. A dor pode se tornar o combustível das mais belas mudanças, mas é só o amor que pode nos fazer verdadeiramente seguir em frente e o hoje amor é o único combustível que me interessa.
Andréa Beheregaray
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