terça-feira, 22 de novembro de 2016

Sinceramente? Cansa!


Cansa dormir nos braços da desesperança. A humanidade foi embora do que é ser humano. Estamos a cada dia adormecendo mais os valores e enfatizando dores. Estamos enfiando o pé na lama que varre famílias e suas vidas, que envenena rios e intoxica os amanhãs. A disputa por poder, dinheiro e religião explode sonhos, joga pelos ares existências, banaliza e diminui a vida, corrói a bondade. A fama por coisas rasas é exaltada, a fé, calada.Não sei mais com que idade a civilização se perdeu, em que tempo se foi e por onde o amor se meteu. Falamos a mesma língua em momentos de tragédias e embolamos as palavras quando o assunto é a paz. Caminhamos rumo a uma evolução vazia, cheia de tecnologia e pouco olho no olho. Nossos rios choram sangue, enquanto as geleiras choram alagamentos. A natureza se revela rebelde e o homem, ah, esse ai cada dia da mais um passo à uma involução estúpida onde os grandes acontecimentos são mascarados e encobertos através de um jogo de interesses e manipulações. As emoções à flor da pele não florescem mais, as notícias do bem são estocadas em gavetas empoeiradas e os desastres ficam na moda por uns dias, até qualquer medida paliativa ser mostrada e aceita, encobrindo as razões verdadeiras até o dia próximo do esquecimento. Distribuímos narizes de palhaço para as próximas gerações, enquanto as razões de estarmos aqui, de pé, escorre pelo ralo da gentileza. A unidade se perdeu, o sentimento bomba levou pelos ares o que era do coração, a ganância construiu pontes e uniu territórios sombrios, esterilizamos nossa água, nossos rios. Somos imigrantes do amor, buscando desesperadamente um teto seguro para nossas crianças, caminhamos cegos, conscientes dos fatos e sem saber como de fato são."
(Lilian Vereza)

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