sábado, 14 de maio de 2011

O amor é um susto! E uma surpresinha, e o embrulho é no coração.



[...]O amor não precisa de nada para ser, Ele é. Independe de. É discreto. Pousa e voa quando bem quer. O amor é passarinho, isso. Mas a gente nunca pode prender, viu? Passarinho bonito é enfeitando o céu. Amor enfeita. O amor é criança. O amor é uma tarde de sol e um algodão doce, no parque. É roda gigante. Foliazinha. É tanto. É tanto!


Eu já amei bonito, sim. Morri de amores, e você não sabe quanto mais vida isso me trouxe. E tem um moço, agora. Senta aqui no meu colo, anda. O amor está dentro de mim. E de você. E dele. Eu acho mesmo é que ele vai saindo aos pouquinhos. Quando a gente vê, já caminhou pra dentro da outra pessoa. É um susto. O amor é um susto! E uma surpresinha, e o embrulho é no coração.


Falar mais sobre o moço? Ah, esse moço, ele faz festa em mim. Quando eu chego, ele está sempre paradinho, na porta. Me enxerga feliz, com uns olhinhos apertados, parecendo pedir para navegar-lhe. E eu fico pensando. Fico pensando que me bastava ele ser um cais, para ancorar meu barquinho. Em época de chuva, amor é cais, também.


Você gosta de me ouvir falar? Deixa eu escrever, aqui: AMOR. Agora espia e tenta apagar. Está vendo? Amor é quando, mesmo tentando, a gente não consegue apagar as letras. Não tem borracha que sirva, sabia? Não precisa ter medo. Você pode emendar poesia em cima, melodiar. Uma coisa linda que aprendi foi isso: ser formada por amores. A gente fica maior.


Não se assuste, então, quando um amor for embora. A verdade é que ele sempre fica. Quanto mais a gente entrega, mas a gente tem. Essas coisas, meu bem, a gente divide pra multiplicar. Prometo a você. E sobre aquilo de diferenciar, não dê importância. Sinta. Chame do que quiser. Um moço sabido já disse, um dia: ‘muita coisa importante falta nome’.


Me dá um abraço, dá? Uma vez pensei que fosse derreter num abraço. Você vai saber como é. Não, não foi o desse moço. Ele ainda hoje não coube em minhas mãos. Tenho vontade de desabotoá-lo. Cheirar os sonhos que ele tem, nos olhos. Às vezes fico pensando que eu podia dizer a ele coisas muito boas, assim, baixinho. Mas só sei me fingir de distraída. Eu sou boba, o amor é bobo.


Está na hora de ir. Se eu pudesse eu aumentava mais essa noite só para que tuas asinhas alçassem vôo. Sonha. Descansa. Você é um bichinho que voa, sem nem desconfiar. E é lindo assim, não terminado.


Agora, olha. Acho mesmo que é amor, amor é acostumar.'


Jaya Magalhães

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