segunda-feira, 13 de julho de 2009


Meu homem tem mãos firmes e carícias leves, quando larga fina energia no pente de seus dedos nobres, toque rude em meus cabelos lisos de uma orientalidade que não me cabe.
Meu homem tem nos ombros largos, a generosidade inconsciente dos fortes, mesmo que me reserve e ao mundo,apenas a maciez do prazer.
Meu homem tem olhos súplices de criança perplexa, diante do meu choro de quem nunca adormece em paz, por praga do destino, indecisão ou herança de sangue.
Meu homem, tem o mandato dos deuses, compromisso de todas as épocas e raças, enquanto eu adormeço no seu ombro, nuvem macia e cálida.
Meu homem tem a atitude do sábio que acalanta o que presume não entender, mas bem que poderia ser o que entendo... e que o futuro nos reserve... Amém..
Meu homem é rude como um caçador, no escuro mistério do meu continente trópico em que se perdendo na amplidão do corpo feminino, penetra mata tropical.
Meu homem é afinado como o uivo do leão desbravante cego de dor, em busca de saciedade. Mas consegue manter a atitude do pai que acalanta, que não entende, mas bem que queria... o que não sabemos dizer.
Meu homem adormece no meu colo, vão dos peitos, como filho amamentado que sai de mim e espaira a doutrina da terra fertilizável antes do fruto, nutriente da semente
Meu homem passeia os lábios sobre o bico dos meus seios, preparando o leite dos filhos do homem para me sonhar mulher... para me deter.
Meu homem adormece no meu seio, largado e alado como o filho consolado.Seus olhos são profundos, não me importa se de negrume ou mar, seus olhos me iludem, porque assim quero o que deve ser...
Seu olhar resiste ao medo do segredo que eu quero contar. O segredo que ele quer conhecer, mas não pode.
Meu homem me faz sentir a intensidade de se viver para hoje, porque enche o presente de sonhos do amanhã. Faz da mina vida história de espécie e gênero, tesouro de memórias atávicas.
Meu homem tem a plasticidade da argila em moto contínuo, processando-se em esculturas titânicas e angélicas na pantomima do sexo, lavoura do amor.
Meu homem foge do que quer dizer: mutante quando faz amor, seus olhos são tão brilhantes e ausentes quanto a janela da minha vontade.
Mosaicos de se montar a civilidade, meu homem tem seus brinquedos, sérios jogos de teatralização do eterno retorno ao ventre da mulher .
Meu homem sacia-se para que o alimento de mim, esteja em terra fertilizada que gera o fruto do futuro.
Meu homem carrega-me nos braços, como se me emprestasse asas de sonhar, para deitar seu peso sobre mim... e gozar.
Meu homem eriça meus pelos, pele e mamilos para que túrgidos apontem para o horizonte, futuro de uma humanidade que busca no branco a composição colorida da paz.
Meu homem confunde azul marinho com preto e veste meias trocadas... sempre!... Mas meu homem sabe perceber ao longe, todos os matizes dos meus desejos, boca entreaberta e vermelha, sedenta de beijos. Meu amor usa camisas azuis porque se parecem com brancas e seus desejos sonâmbulos deixam-se ir na jornada da dor de flores ceifadas.... Ele padece em curtos circuitos.
Meu homem não vê meu olhar perdido nas constelações, mas percebe de pronto, o ponto do horizonte em que nossos sonhos se encontram.
Meu homem tem a pressa do querer imediato e nos desencontramos no chuveiro ao acordar... enquanto sinto seu gosto de maçã de feriado.
Meu homem, meu anjo, meu amor, tem por mim um amor marginal ainda que permitido e que será para todo o sempre , nosso bem , nosso mal, nossa vontade de sobreviver no destino do mar de ondas fortes, onde nossa carne vence a braçadas largas, nadando contra o medo e o sufoco da sobrevida.
Meu homem adormece cansado no meu colo e eleva-se em sustenido, menino sonhando ser homem.

® Elane Tomich

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