terça-feira, 27 de abril de 2010

IRMÃOS QUE JAMAIS VEREI.

Tenho irmãos que moram longe!

Nunca verei a expressão de seus olhos,
assim como eles jamais focarão em mim os seus
olhares.

Nunca sentirei o calor de seus abraços,
nunca apertaremos nossas mãos, nunca
enlaçaremos nossos braços.

Nunca sentaremos num barzinho
pra jogar conversa fora.

Jamais faremos caminhadas
pelas mesmas trilhas.

Nunca tocarei nem cantarei para eles,
assim como jamais os ouvirei tocando ou cantando
para mim.

Nunca deitaremos nossas cartas
na mesa e nem falaremos
das penosas cartas que a vida
nos fez ocultar nas mangas.

Nunca eles saberão de fato
como é o meu cotidiano
e nem eu saberei como eles são
no seu dia-a-dia.

Nunca riremos juntos por qualquer pequena ou
grande alegria,
nem estaremos juntos nas horas das nossas crises,
angústias ou agonias.

Sei que existem, que me amam
e sentem a minha falta.
Sei que eu os amo tanto,
que neles me diluo!

Eu os vejo todos os dias numa pequenina tela de
ilusão:
frágeis e irisadas libélulas
que cá chegam nas asas
de uma canção, prosa ou poema.
(...) enquanto eu os alcanço
todos os dias levando-lhes
um tantinho do meu amor
em meio às minhas sublimadas
e subliminares mensagens
que tomam forma de tudo,
mas redundam sempre na
mesma - e tão antiga - cantilena.


(Fátima Irene Pinto).

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