terça-feira, 25 de maio de 2010

Sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.

Que eu seja como a que tece o pano na floresta,profundamente escondida. Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se este é o sacrifício. Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo,
e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios. Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima,
nas árvores desenhadas no céu luminoso. Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa liberta-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundancia.
Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio. Que sejamos inocentes e despretensiosos.
Que eu seja capaz de gratidão. Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu gato, no sangue e nos ossos. Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor,
em canções que soem como o aroma do alecrim, como todo o dia e na antiguidade, erva forte da cozinha.
Que eu não me incline a auto-intefridade e a auto-piedade. Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra
e dos circulos de pedra,como raposa ou mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme. Que minha porta se abra aqueles que habitam fora da riqueza,
da fama e do privilégio. Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega a minha porta.
Que se percam na jornada labiríntica. Que eles voltem. Que eu me sente ao lado do fogo no inverno
e veja as chamas brilhando para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo. Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos
e por mim reverenciados com amor. Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento,
ou o orgulhoso crescer das árvores. Por isso, eu jogo fora a minha roupa. Que eu possa conservar a fé,sempre!
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo. Que eu saiba que não tenho opção,
e assim mesmo escolha como a cantiga é feita,em alegria e e com amor.
Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo. Quando falhar, que eu me conceda o perdão.
Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo."
Desconheço autoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário