O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente,
reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer.
Quer tomar vinho e olhar nos olhos.
Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe,
que voa inocente e suicida.
Ela quer o que não tem nome.
Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar,
quer o silêncio e a falação.
Ela quer bobagem.
Quer o que não serve pra nada.
Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade.
Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado,
o medo de ser bom.
Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando.
Ela tem muito e quer mais.
Quer sempre.
Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra
ficar sempre menina.
Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a
milésima primeira vez.
Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca.
Ela quer dar bandeira.
Quer a alegria besta de quem não tem juízo.
O que ela quer é tão simples.
Só que ela não é desse mundo.
Cris Guerra
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