quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Não temos tempo


Não temos tempo para ler.
Não temos tempo para consolar os inconsoláveis.
Não temos tempo para conversar.
Não temos tempo para amar.
Temos demasiados interesses, demasiado trabalho,
demasiadas reuniões, demasiados compromissos.
Ou então compras para fazer.
Substituímos o tempo pelos centros comerciais.
Trocamo-lo por bugigangas, moedas, coisas que brilham.
Enchemos o tempo para não olharmos no seu espelho.
De repente, quando, por um minuto ou dois, paramos,
não gostamos da imagem que essa paragem nos devolve,
a imagem do que não soubemos ser, da vida que perdemos
no meio das mil coisas que fizemos.
Não há cirurgia estética que nos arranque de cima
as pregas do tempo que gastámos em vez de vivermos.
Inês Pedrosa

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