Gosto de sentir a felicidade máxima em tempo mínimo. Gosto de sentir o vento quando atravesso a rua e minha saia se levanta como se eu tivesse asas. Bailarina do acaso, danço na calçada, num pequeno espaço, num quadrilátero, ouvindo a música do vento.
Gosto de beijos porque as línguas se encontram no átrio do desejo, labareda que nos consome, coisas que não se dizem, emoções que se calam ...
Gosto de sentir o perfume das árvores, onde flores noturnas se penduram, como estrelas brancas. Outro dia, acreditem, uma folha caiu no meu decote, andei assim maravilhada com aquele presente, a dádiva , o broche, andei como uma Eva vespertina, cruzei a cidade com a minha fantasia.
Gosto da companhia do acaso e gosto de pensar que os tempos não se repetem, os momentos não se repetem, a vida não se repete porque sua dinâmica é mágica, acontece até mesmo em segundos e, no entanto, a memória existe pela eternidade, subvertendo o início e o fim...
Gosto de me despir das folhas e comer os frutos no tempo em que são me dados. Banquetes instantâneos em que flagro a felicidade num átimo, num lapso, num voo com os deuses inconstantes e, assim, me encho de fé...
Texto: Célia Musilli

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