quarta-feira, 30 de março de 2011

Uma flor, seguindo a pulsão da vida, desabrocha em meio às outras. Mas para desabrochar, deverá disputar um espaço com as demais. Necessitará se impor, senão não desabrochará.



Uma flor, seguindo a pulsão da vida, desabrocha em meio às outras.
Mas para desabrochar, deverá disputar um espaço com as demais.
Necessitará se impor, senão não desabrochará.
O ser humano, para crescer e se desenvolver, tal como a flor, necessitará de se ver livre dos maneirismos neuróticos que o torna despersonalizado, isento de uma identidade forte e saudável. Que o faz viver como uma flor de plástico, sem autenticidade e expressividade.
Um exemplo pode ser aquela pessoa aparentemente prestativa e generosa para com todos.
Não se trata de uma crítica quanto à atitude em ser bondoso.
Refiro-me não a bondade enquanto uma qualidade necessária para vivermos bem com as outras pessoas, mas de um gesto cordial em que se oculta uma manifestação compulsiva em ser bom, que se presta a uma obediência servil para se evitar a rejeição.
Bondade saudável não significa a anulação de si mesmo e de seus desejos para a eterna satisfação dos outros.
Bondade saudável não significa dizer sim sempre.
Bondade saudável não significa deixar que os outros ditem as regras para sua vida.
Bondade saudável não significa deixar que os outros invadam seus limites.
Bondade compulsiva é nobre e até conveniente aos olhos dos outros, mas tremendamente corrosiva ao nosso ser.
Pois abre espaço para o ressentimento e a decepção que geralmente surgem quando deixamos de fazer algo por nós mesmos.
Ou quando temos a dificuldade de aceitar a ingratidão de alguém.
De aceitar a realidade de que ninguém é obrigado a reconhecer ou retribuir o que fizemos por eles.
Bondade saudável é um sentimento que se estende através de um gesto amoroso que brota naturalmente, sem a necessidade de se negociar algo em troca.
Seremos aceitos por uns e rejeitados por outros, isto é um fato. Portanto, não temos obrigação nenhuma em provar o tempo todo que somos pessoas boas nos submetendo a um comportamento de uma criança que, em busca da aprovação dos outros, se faz boazinha anulando a própria vontade.
Se este é o seu caso, necessita-se que se corte o cordão umbilical que o aprisiona à vontade que seus pais e qualquer outro adulto tiveram para que fosse bonzinho, de modo que, mesmo com todos os riscos que tenha que correr, você possa ser você mesmo com mais inteireza e integridade.
Assim, diante da compulsão de fazer o bem, permita-se a ser mau de vez em quando.
Permita-se, na sua autenticidade e individualidade, a ser a flor que desabrocha e embeleza no jardim da vida.

Texto de Hélio Arakaki-

Um comentário:

  1. Parabéns pelo belissímo Blog. Criativo, excelentes textos e bonito visual.
    Dilemar Neto
    http://umolharespiritual.blogspot.com

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