quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cala a boca e beija logo



Geralmente, quando percebemos que estamos sentindo algo que foge ao nosso controle, tentamos desesperadamente nos controlar de alguma forma. Fazemos isso sem perceber, mas na maioria das vezes, fazemos.

A maneira mais comum que encontramos de tentar controlar um sentimento é nos agarrando às palavras. Começamos a falar para tentar disfarçar o descontrole. Desejo, raiva, paixão, vergonha, insegurança, enfim, seja qual for o sentimento que está nos escapando ao controle para atuar na situação em questão, imediatamente tentamos transformá-lo em palavras, para termos a sensação de que o estamos controlando.

Não aprendemos a simplesmente sentir, em silêncio, deixando o sentimento tomar conta da gente, mesmo sem tomar nenhuma atitude no momento... Não aprendemos a sentir deliberadamente, absolutamente, completamente entregues, sem nos criticar, sem nos julgar, sem tentar medir, dosar...

E, assim, começamos a falar, a transformar o descontrole num discurso de pessoa controlada e segura, que tem um motivo muito justo e claro para estar naquela situação, naquele momento. Defesas... nada mais que defesas... contra o medo de se sentir inundado por um sentimento, sem saber o que acontecerá em seguida.

Até certo ponto, este autocontrole pode ser muito saudável, pois realmente nos protege de mágoas e dores que poderiam ser insuportáveis. Entretanto, neste caso, estou me referindo especificamente ao desejo de estar com alguém.

Claro que não estou me referindo ao ato desenfreado de sair beijando todo mundo ou todas as pessoas que nos despertem algum tipo de atração. Isso seria tão sem nexo quanto não beijar no sentido de não se permitir gostar de quem realmente desejamos, por estar sob controle o tempo todo. Mas estou me referindo, sim, à permissão que precisamos nos dar de não teorizar, não conceituar, não tentar controlar um sentimento bom. A idéia é parar de falar sobre os sentimentos e senti-los mais...

Diálogo é fundamental, vocês sabem o quanto acredito nisso. No entanto, abro parênteses para levantar a bandeira do silêncio, neste momento, e deixar que apenas o sentimento conduza a situação. Portanto, cala a boca e beija logo!

( Rosana Braga )

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