sexta-feira, 11 de março de 2011

Ela gosta de fazer rastros. Mas sambando. Daquele jeito engraçado que a música a puxa pra dentro da roda. O corpo rodopia enquanto a alma arrepia.



Fez rastros no chão, indo e vindo numa busca por qualquer saída. Ela gosta de fazer rastros. Mas sambando. Daquele jeito engraçado que a música a puxa pra dentro da roda. O corpo rodopia enquanto a alma arrepia.
Risada solta, larga. Larga a vida dela em forma de mar. Azul do céu vem pra ficar. É Netuno quem traz a alegria branca nas mãos. Um São Jorge sempre a vigiar. Uma lua que não a deixa. Um céu que a abraça dia e noite. Coroando sua cabeça com brilho. É solar-luar-estelar. Enterra contrabandos à sete palmos da terra. Leva um girassol pro mundo e preserva uma lucidez extraviada pelo tempo.
Gosta do que sorri e olha pro céu quando conta coisas que não quer saber. Chama de vida tudo o que não se limita. A chuva cai sempre diferente todo dia. Ipê florido é lindo e dura tão pouco esse espetáculo. A música bonita toca no rádio, depois de três minutos acaba e tudo volta a ser.
É que ás vezes ela pensa que carrega o mundo sozinha. É pesado e sangra.
Ainda assim voa atrás do feio fazendo samba pra deixá-lo bonito. Isso tudo ela aprendeu no defeito. Só ela escuta uma música que a faz rodopiar de um jeito que. É o coração que pede. E coração engana, mas no fundo, bem lá no fundo gosta das coisas que são bonitas, sem sujeiras. Igual ela. Isso é o que ela chama de vida. Vida é o não saber.
Vanessa Leonardi

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